sexta-feira, 30 de novembro de 2007

VERSO DISTINTO

Carlos Savasini

Nunca fiz um verso que preste nesta vida
nem com força, nem por piedade
apenas por forca, garrancho e pedido de escracho.

Nunca fiz um verso que preste nesta vida
que ousasse o impossível da lógica
que forçasse a ginástica da língua
que encerrasse a fala sem nunca deter a discussão
que piscasse a vista sem nunca cegar a visão.

Nunca fiz um verso que preste nesta vida
que provocasse extasia em quem lê
que provocasse afasia e morte instantânea
momentânea
curta e breve feita um cuspe.

Nunca fiz um verso que preste nesta vida
apenas a forca, o garrancho e o pedido de escarro
da boca, que sem me falar, também não me beija.

(28-29/11/2007)

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