quarta-feira, 11 de abril de 2007

ASSIM

Carlos Savasini

Foi no céu de quase noite
Quando tudo pode ser
Leito ao léu de cão, açoite
Negro em luto pode ver.

Morte, foice, nada novo,
O que ter senão o certo ?
Vida foi-se ao largo e outro
Tudo é ser o nada incerto.

E foi assim que assim te vi
Por ti que sempre assim eu fui.

Foi no povo a festa, santa,
Olho prego mina e toma
Potro novo tudo encanta
Fica cego, o coice doma.

Nada canta, mas a voz
De uma trova surge o flerte
Salve santa, nunca noz
Na palhoça de querer-te.

E foi assim que assim te vi
Por ti que sempre assim eu fui.

Dor atroz é não tocar-te
Hoje ver-te é um milagre
Cale a voz, eu vou falar-te
Junto ter-te faz-me alegre

Hoje amar-te converteu
Meu agreste sem palmeiras
Hoje em verde, outrora ateu
Teu cipreste é de sereias.

E foi assim que assim te vi
Por ti que sempre assim eu fui.

(03-05/04/2007)

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