Carlos Savasini
Foi no céu de quase noite
Quando tudo pode ser
Leito ao léu de cão, açoite
Negro em luto pode ver.
Morte, foice, nada novo,
O que ter senão o certo ?
Vida foi-se ao largo e outro
Tudo é ser o nada incerto.
E foi assim que assim te vi
Por ti que sempre assim eu fui.
Foi no povo a festa, santa,
Olho prego mina e toma
Potro novo tudo encanta
Fica cego, o coice doma.
Nada canta, mas a voz
De uma trova surge o flerte
Salve santa, nunca noz
Na palhoça de querer-te.
E foi assim que assim te vi
Por ti que sempre assim eu fui.
Dor atroz é não tocar-te
Hoje ver-te é um milagre
Cale a voz, eu vou falar-te
Junto ter-te faz-me alegre
Hoje amar-te converteu
Meu agreste sem palmeiras
Hoje em verde, outrora ateu
Teu cipreste é de sereias.
E foi assim que assim te vi
Por ti que sempre assim eu fui.
(03-05/04/2007)
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