Por Binho Santos, Bruno Furlan, Carlos Savasini, Kátia Dutra, Osvaldo Pastorelli, Samara Sieber, Sergio Jardino e Yolanda Queiros Parreira
I
O êxtase é o passo que atinge o paraíso
o grito é o gemido que transmuta
o gozo a extensão do divino
a prostração o descanso dos titãs
os bacanais deusificados de Baco
a melancolia de Penélope
toda a virilidade de Hereu
todos os amores pagãos
todos os meus poros abertos
assim como minha boca e minhas pernas
no momento em que você se torna meu.
Estou em êxtase ! Estou vivo !
e grande é a vida :
seja ela triste,
seja ela alegre,
seja ela imensa : como você.
II
O êxtase é o ouro que sangra do barro,
o coro que vibra no espaço entre as peles,
o deus que devora seus filhos temidos,
a onda que espuma as águias da vida.
E quem sobrevive dessa luta
sem tempo ?
Não há quem não resista
seria ir contra a sua natureza
o tempo pode ir
mas a vida e a alma prevalecem.
A vida só é vida
quando o gozo
une os corpos
dilacera a terra
semeando o esperma vida.
Se o êxtase une as carnes
se a mente liga as almas
carne e alma formam vidas
vidas juntas numa história.
Quem vê a vida com grande apresso
tem a favor a verdadeira fórmula
e terá os frutos conforme sejam canalizados
para o seu bem
somando-se aos demais.
III
O êxtase é o gosto que espessa
o gesto é a mão que se eleva
o divino é o tremor que ejacula
o gozo é a estátua que fica
o êxtase torna-me vivo
do gozo nasceu a vida
dos amores a ferida
que em meu corpo fez morada
mas, se em mim mora esta mágoa,
se em mim jaz a cicatriz
o que importa é a rubra água
que me circula e faz feliz.
A vida – tão cheia de morte –
em mim basta.
(25/10/2008)
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